Territórios internos: como a Arteterapia acompanha processos de migração e recomeço

Territórios internos: como a Arteterapia acompanha processos de migração e recomeço

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A migração é um fenômeno humano complexo, acompanhada do desenraizamento das pessoas de suas vidas e histórias, transplantando-as para além de suas terras para um exílio, seja este intencional ou forçado por questões sociopolíticas. Além de impor aos indivíduos a experiência de deslocamento geográfico, também traz consigo o deslocamento identitário, cultural e emocional.
 
 
Em meio a rupturas e desafios inerentes ao recomeço em um novo contexto, a Arteterapia emerge enquanto abordagem terapêutica capaz de auxiliar no processo de acesso ao universo simbólico e expressivo da arte, oferecendo um caminho para a elaboração de vivências, onde a ressignificação de memórias e construção de novas narrativas irá atuar enquanto um guia no caminhar da transição e facilitação da jornada de integração e bem-estar dos migrantes em seu novo lar.
 
Continue a leitura e entenda o papel da Arteterapia nos processos de migração.
 

A identidade em trânsito: a arte como reconstrução simbólica de si

Enquanto representante, inevitável, de uma ruptura com o passado, laços sociais, referências culturais e, em muitos casos, com a própria sensação de pertencimento, a migração pode desenvolver no indivíduo uma descontinuidade que pode gerar um impacto profundo no modo como compreende sua própria identidade, onde este passa a se ver confrontado com a necessidade de se adaptar a um novo ambiente, sem grandes suportes de suas estruturas familiares e comunitárias originais.
 
Entretanto, essa ruptura também pode ser acompanhada da possibilidade de um recomeço e uma nova reconstrução simbólica de si, sendo uma oportunidade para que o indivíduo se redefina e construa uma identidade mais fluida e resiliente, capaz de integrar todas as suas experiências anteriores, com suas novas vivências.
 
Considerando o contexto de transformação, a arte aparece enquanto possibilidade de revisitação às memórias que compõe a história do migrante, além de ser um método eficaz para que cure feridas causadas pelo processo de êxodo de sua terra vivenciado. Através de diferentes métodos de expressão, tais como pintura, modelagem, colagem ou escrita criativa, o indivíduo consegue acessar lembranças simbólicas, muitas vezes difíceis de serem acessadas ou verbalizadas, possibilitando, também, a externalização de sentimentos, elaboração de perdas e resgate de aspectos importantes de sua identidade cultural.
 
 

Entre línguas e culturas: o gesto artístico como linguagem universal

Um dos principais desafios enfrentados por migrantes é a barreira da linguagem, em especial quando se encontram em um ambiente onde é falado um idioma diferente do seu e, tal dificuldade, pode gerar isolamento e frustração, além de dificultar o acesso a serviços essenciais e a integração social. Nesse cenário, a Arteterapia se destaca por sua capacidade de transcender as fronteiras linguísticas, utilizando da prática artística como uma linguagem universal que permite a expressão de sentimentos, emoções e experiências de forma não verbal.
 
 
A potência da comunicação não verbal na Arteterapia é intercultural, residindo em sua capacidade de acessar camadas profundas da experiência humana, que, em muitos casos, precedem ou complementam a linguagem falada. Assim, cores, formas, texturas e movimentos podem comunicar estados internos complexos, facilitando a compreensão e a empatia entre terapeuta e paciente, mesmo quando não há conexão linguística. Essa forma de comunicação direta e intuitiva, promovida pela Arteterapia, pode ser especialmente acolhedora para migrantes que se sentem inseguros ou incapazes de se expressar verbalmente em um novo idioma.
 
Na prática arteterapêutica, diversas técnicas podem ser aplicadas para facilitar a comunicação e a expressão, como por exemplo através da utilização de materiais variados, como argila, tintas, tecidos e elementos da natureza, que possibilitam ao paciente a escolha de formas mais confortáveis e significativas para que se expresse da melhor maneira. 
 
 
Atividades envolvendo a criação de mandalas, pintura de emoções, modelagem de experiências de viagem, ou mesmo a construção de objetos simbólicos, por exemplo, podem se tornar pontes relevantes de comunicação, revelando histórias e sentimentos que as palavras não conseguem descrever, promovendo, portanto, um espaço de acolhimento e compreensão mútua.
 

Espaço seguro e continente: a oficina como território simbólico e afetivo

A prática arteterapêutica oferece um espaço seguro para o migrante, atuando enquanto refúgio onde este pode se sentir acolhido, compreendido e livre para expressar suas emoções sem julgamento. A oficina prática em Arteterapia irá se configurar enquanto um território simbólico e afetivo, sendo um microcosmo onde as experiências de deslocamento, perda e adaptação podem ser exploradas e elaboradas de forma criativa e gradual.
 
 
Neste contexto, a presença de um arteterapeuta credenciado será fundamental, pois, com sua escuta atenta e sua capacidade de transmitir confiança e acolhimento, o paciente pode se sentir pertencente. Além disso, no espaço terapêutico, a prática artística se torna um veículo para a expressão do sofrimento inerente ao processo migratório, onde, através da arte, o paciente poderá externalizar traumas, medos e sentimentos de desenraizamento, encontrando uma forma segura de libertar emoções difíceis de serem processadas verbalmente, um processo muito comum de ser observado em crianças.
 
 
Ao mesmo tempo em que a prática em Arteterapia busca acolher o paciente em sofrimento, também será responsável por oferecer um espaço para a expressão do desejo de recomeço, promovendo o incentivo a projeção de um futuro. Por meio da criação artística, o migrante conseguirá visualizar sonhos, esperanças e objetivos em seu novo contexto, construindo um novo senso de pertencimento, fundamental para o bem-estar e a integração do migrante na nova sociedade.
 

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A Pós-graduação em Arteterapia, idealizada pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul, oferece o aprendizado ideal para que você se credencie para atuar com Arteterapia em diversos contextos profissionais, como por exemplo em atendimentos particulares, contextos institucionais, organizacionais, educacionais e, até mesmo, em órgãos públicos de atendimento terapêutico (SUS, CREAS, CRAS e CAPS).
 
Neste curso, você desenvolve as habilidades técnicas necessárias para tratar e auxiliar pacientes, com ética, em suas devidas jornadas de autocura, baseando-se nos fundamentos da Arteterapia e da Psicologia Analítica, fundamentada nos conceitos de Carl Jung.
 
Com um ensino completo e atualizado, o curso de Arteterapia atende a modalidade presencial, podendo ser realizado em São Caetano do Sul ou em São Paulo. Além disso, com duração total de 20 meses e carga de 560 horas, a especialização conta com um corpo docente formado por especialistas e mestres. Com um diferencial de 100 horas de estágio supervisionado e atividades práticas, o aluno terá a oportunidade de desenvolver e aplicar o conhecimento obtido em sala de aula.
 
 
O curso profissionalizante de Arteterapia da Pós USCS segue os parâmetros instituídos pela União Brasileira das Associações de Arteterapeutas (UBAAT).
 

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(11) 2714-5699