
A neuropsicopedagogia é a área responsável por investigar a intersecção entre o sistema nervoso, o comportamento e os processos de aprendizagem, para, assim, oferecer uma perspectiva inovadora voltada para a compreensão das dificuldades e potencialidades educacionais.
Esse campo explora a plasticidade cerebral, que se trata da capacidade do cérebro em se reorganizar e formar novas conexões neurais ao longo da vida, uma propriedade fundamental para a aquisição de novos conhecimentos e habilidades.
Assim, estratégias que visam integrar múltiplas capacidades sensoriais, tais como a aplicação da música e do movimento na educação, promovem um engajamento profundo dos circuitos cerebrais, criando um ambiente de aprendizagem multissensorial que otimiza a formação e a consolidação de redes neurais.
Continue a leitura para entender como ocorre esse processo.
Desenvolvimento da conectividade inter-hemisférica através da música e movimento
O treinamento musical e a dança atuam na ativação e no fortalecimento da comunicação entre os hemisférios cerebrais, um processo mediado pelo corpo caloso, a principal ponte de fibras nervosas que conecta o hemisfério esquerdo ao direito.
Atividades rítmicas e melódicas, por exemplo, costumam exigir a coordenação de ambos os lados do corpo e do cérebro para processar a informação auditiva, motora e espacial de forma integrada, causando um sincronismo forçado, que será responsável por estimular a conectividade inter-hemisférica, melhorando a velocidade e a eficiência com que o cérebro processa informações.
A prática de instrumentos musicais ou a participação em aulas de dança para crianças estão associadas a melhorias significativas na coordenação motora fina e grossa, onde tais atividades requerem um planejamento motor complexo e uma execução precisa, que por sua vez, dependem de um fluxo constante de informações entre os dois lados do cérebro.
A dança, em particular, desafia o cérebro a integrar a percepção espacial, o equilíbrio e a sequência de movimentos, consolidando as habilidades motoras de forma robusta e duradoura.
Como a neuropsicopedagogia entende essa relação?
O estudo da neurociência, aplicado a aprendizagem, irá demonstrar que a integração hemisférica ocorrida está diretamente conectada ao desenvolvimento de habilidades não motoras, uma vez que a comunicação fluida entre os hemisférios está associada a uma melhoria nas habilidades espaciais, tais como visualização e navegação, além de ser positiva para a fluência verbal e para as habilidades linguísticas.
O treinamento musical será, portanto, um catalisador para o desenvolvimento de áreas cerebrais conectadas à linguagem e ao raciocínio lógico, mostrando como as atividades artísticas possuem um papel central no desenvolvimento cognitivo abrangente.
A música como ferramenta de aprendizagem multissensorial para atenção, leitura e autorregulação
A aprendizagem multissensorial utiliza a música para engajar simultaneamente os canais auditivo, visual e cinestésico, fortalecendo as redes neurais relacionadas à atenção e à memória. Exemplo disto são melodias que acompanham conceitos, ritmos que marcam sequência de eventos ou, até mesmo, canções que auxilian na memorização de fatos.
A música é especialmente eficaz na alfabetização e no desenvolvimento da leitura e escrita, pois a percepção de ritmo, entonação e melodia na fala se tornam aspectos fundamentais para a aquisição da linguagem e a consciência fonológica.
Canções e rimas, por exemplo, ajudam a identificar e manipular os sons das palavras, uma habilidade essencial para o reconhecimento de letras e a formação de palavras, demonstrando a capacidade da música em facilitar a compreensão do texto, além de tornar a leitura um processo mais intuitivo e menos exigente.
Além disso, a música também pode ser um eficaz regulador emocional, onde, ouvir ou produzir sons musicais pode alterar o humor, reduzir o estresse e aumentar a concentração, sendo a terapia musical uma possibilidade de tratamento para pessoas com dificuldades de regulação emocional.
A corporeidade na construção do significado musical
A teoria da Embodied Music Cognition defende que a percepção musical se constrói a partir da experiência do corpo, sendo gestos, movimentos e a dança parte integrante de sua compreensão.
Neste contexto, o corpo atua como um mediador, traduzindo estruturas sonoras em experiências motoras, sensoriais e emocionais, sendo o ritmo de uma música, percebido não só pela audição, mas também pela sua ressonância no movimento e na cinestesia do corpo.
Essa perspectiva amplia a compreensão da percepção musical, uma vez que, quando uma melodia é escutada, o cérebro tende a ativar áreas motoras associadas ao movimento, mesmo que o indivíduo permaneça parado.
Essa conexão intrínseca entre o som e o movimento demonstra que a música é processada de forma “embodied”, ou seja, "corporificada", amplamente compreendida pela cognição musical, que se trata do processo responsável por integrar mente e corpo, onde o significado musical é codificado e decodificado através das sensações e ações corporais.
Ao integrar o corpo na aprendizagem, a educação musical estimula o desenvolvimento de conexões neurais mais ricas e complexas. Através do movimento, os indivíduos internalizam conceitos rítmicos, melódicos e estruturais, que por sua vez, agem sobre o desenvolvimento do raciocínio, da memória e da criatividade.
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