Psicologia Junguiana e Epigenética: o peso dos traumas herdados

Psicologia Junguiana e Epigenética: o peso dos traumas herdados

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“Nada do que encontramos na alma é absolutamente novo. Tudo já existia antes, nos pais, nos avós, nos ancestrais.” — C.G. Jung
 
Na clínica junguiana, o processo de escuta transcende a narrativa individual do paciente, passando a alcançar padrões repetitivos e aparentemente inexplicáveis. Medos sem causa aparente, padrões afetivos e dores que parecem vir de outro tempo frequentemente emergem, indicando a presença de conteúdos inconscientes.
 
Carl Jung denominou essa dimensão como camada coletiva da psique, habitada por arquétipos e complexos familiares. Atualmente, a ciência moderna oferece uma linguagem complementar para a compreensão desses fenômenos: a epigenética.
 
 
Entenda o que é epigenética e qual sua relação com a psicologia junguiana.
 

Heranças invisíveis: o que a epigenética nos revela

A epigenética compreende um campo de estudo dedicado a investigar como fatores ambientais emocionais e sociais modulam a expressão gênica, e como essas modificações podem ser transmitidas através das gerações.
 
Essa área de pesquisa revela que traumas vivenciados por pais e avós podem deixar marcas bioquímicas duradouras, influenciando o funcionamento emocional e fisiológico de seus descendentes.
 
Não se trata de uma alteração na sequência do DNA, mas em como os genes podem ser “ativados” ou “desativados”, como exemplificado na pesquisa ‘Maternal etanol consumption alters the epigenotype and the phenotype of offspring in a mouse model’ (2010), onde as fêmeas de abelha, desenvolvidas a partir de larvas geneticamente idênticas, que, quando introduzidas a geleia real, tem seu desenvolvimento alterado, resultando no silenciamento de um gene chave, responsável pela fertilidade das mesmas.
 
Pesquisas realizadas com filhos de sobreviventes do Holocausto ilustram a profunda influência da herança epigenética do trauma. Esses estudos demonstram alterações hormonais e padrões de resposta ao estresse que mimetizam as experiências traumáticas dos pais, mesmo na ausência de exposição direta ao evento original.
 
A compreensão da epigenética no trauma amplia a perspectiva da psicologia ao oferecer uma base biológica para fenômenos observados na clínica, onde essa nova lente permite aos profissionais compreender que certos sofrimentos e predisposições podem não ter origem unicamente na experiência individual, mas estarem enraizados na memória celular.
 

Jung estava certo (de outro jeito)

Ao falar em complexos, Jung se referia a núcleos psíquicos autônomos, carregados de forte vivência afetiva, capazes de influenciar pensamentos, emoções e comportamentos. Muitos desses complexos junguianos tem origem nas dinâmicas familiares e se atrelam a conteúdos que não se iniciaram com o indivíduo, mas que foram emocionalmente herdados (seja por identificação inconsciente ou pela repetição de papéis simbólicos).
 
 

A relação entre a epigenética e a psicologia analítica

A convergência entre epigenética e psicologia analítica manifesta-se entre epigenética e psicologia analítica manifesta-se precisamente no reconhecimento de que a história psíquica de uma pessoa antecede seu nascimento.
 
Ambas as abordagens reconhecem que as experiências ancestrais, sejam elas psíquicas ou biológicas, exercem uma grande influência na constituição do self. O que Jung descrevia como inconsciente coletivo ou herança arquetípica, a epigenética começa a desvendar em termos de mecanismos moleculares.
 
 
Dessa forma, a teoria dos complexos ganha uma nova dimensão quando confrontada com as evidências epigenéticas. O sofrimento expresso por um paciente pode não ser apenas o resultado de suas vivências pessoais, mas também a manifestação de um trauma ancestral, manifesta em padrões inconscientes.
 
 

O papel da clínica: elaborar e interromper ciclos

Na terapia junguiana, o trabalho com os complexos familiares e com o inconsciente coletivo capacita o paciente a compreender o que é próprio de suas experiências e o que advém de um legado inconsciente.
 
Mitos, sonhos, imagens simbólicas, padrões repetitivos e sintomas constituem portas de acesso a essas heranças ocultas. A clínica, portanto, torna-se um espaço de transformação, onde o indivíduo pode conscientizar e integrar aspectos de sua linhagem sem dissolver sua identidade.
 
 
O processo terapêutico, nesse contexto, irá visar uma elaboração simbólica desses conteúdos herdados. Por meio da amplificação e da análise dos complexos, o paciente passa a ter a oportunidade de se desassociar dos padrões inconscientes que operam através dele.
 
Neste processo, não há rompimento entre o paciente e sua conexão com a ancestralidade, na realidade, é honrada a história de sua linhagem, apenas impedindo a repetição automática de traumas ou impasses.
 
A clínica junguiana portanto, atua como um catalisador para a interrupção de ciclos disfuncionais, permitindo ao sujeito que assuma a responsabilidade por sua própria psique, aliviando o peso de um passado que não lhe pertence por completo, mas que o atravessa.
 
 

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