
O mundo contemporâneo apresenta um cenário com rápidas transformações, incertezas e crises de diversas origens, assim, diante um contexto de caos, a busca por sentido e orientação tende a se intensificar. Para isso, a Psicologia Analítica, idealizada pelo suíço Carl Jung, surge enquanto método de compreensão para a complexidade humana, propondo uma possibilidade exploratória sobre como os arquétipos, padrões universais e atemporais do inconsciente coletivo podem servir como guias essenciais em tempos de turbulência, relevando a sabedoria ancestral contida na psique humana.
Continue a leitura para entender mais sobre os arquétipos junguianos.
O que são arquétipos e por que ainda fazem sentido hoje?
O pai da Psicologia Analítica descreveu os arquétipos como imagens primordiais, universais e inatas, que residem no inconsciente coletivo da humanidade, não sendo apenas ideias ou conceitos, mas formas sem conteúdo próprio, estruturas psíquicas que organizam e dão forma à nossa experiência. Esses arquétipos são como moldes que, ao serem preenchidos pela experiência individual e cultural, geram símbolos, sonhos, mitos e rituais manifestados em diversas culturas e épocas, sendo, em essência, responsáveis pela construção da psique humana mais profunda.
Muitos podem confundir os conceitos entre arquétipos e estereótipos, sendo levados a crer que são similares, entretanto, enquanto o arquétipo compreende uma forma psíquica universal, inconsciente e atemporal, o estereótipo irá se tratar de uma simplificação superficial, consciente e, muitas vezes, negativista, pautada em preconceitos sobre um grupo ou indivíduo.
Dentre exemplos populares da aplicação arquetípica na cultura, tem-se a saga de George Lucas, ‘Star Wars’, com Luke Skywalker assumindo o protagonismo no arquétipo de herói e Darth Vader sob o arquétipo sombra, reforçando a relevância dos arquétipos para o mundo moderno, com o objetivo de oferecer um senso de continuidade e significado.
Mesmo com toda a evolução tecnológica e social, os padrões míticos antigos permanecem ativos no inconsciente moderno, onde questões como a busca por identidade, o enfrentamento da sombra, a necessidade de pertencimento ou a jornada do autoconhecimento são experiências arquetípicas que transcendem as particularidades culturais e histórias, persistindo como forças fundamentais para a psique individual e coletiva.
Pandemias, guerras, colapsos: quando o mito encontra o noticiário
Em tempos de crise global, abrangendo pandemias, guerras e colapsos sociais, formam-se cenários férteis para a manifestação intensa dos arquétipos e, nestes momentos, a fragilidade da existência se torna palpável, possibilitando que arquétipos de morte, renascimento, heroísmo e destruição emerjam como força no inconsciente coletivo.
A pandemia de Covid-19, por exemplo, ativou na humanidade o arquétipo da sombra, manifestado no medo do desconhecido e na necessidade de isolamento, porém, também ativou o herói, personificado nos profissionais de saúde da linha de frente, como médicos e enfermeiros. As guerras, como ocorrido entre Ucrânia e Rússia, ou mesmo nos embates entre Palestina e Israel, por sua vez, trazem a face mais sombria do arquétipo de destruição, mas, também, abrem espaço para o renascimento, através da solidariedade e da resiliência.
A cobertura jornalística, ao narrar eventos impactantes, muitas vezes, sem perceber, utilizam da linguagem simbólica que ressoam dos padrões arquetípicos, onde as histórias de superação, as imagens de devastação, os discursos de esperança ou desespero, passam a ser construídos sobre uma base mítica. Assim, essa linguagem simbólica irá atuar como bússola emocional e coletiva, ajudando a sociedade a processar o choque cultural e político e a encontrar um sentido para o que, a princípio, pode parecer incompreensível.
Ao reconhecer o arquétipo do caos, por exemplo, por trás de uma crise política, é possível buscar caminhos para a ordem e a transformação, no lugar da rendição ao desespero. O mito, nesse sentido, oferece uma estrutura narrativa que permite integrar o caos e encontrar um caminho para a resiliência individual e coletiva.
A escuta simbólica como ferramenta clínica e existencial
No contexto da Psicologia Analítica, a escuta simbólica surge enquanto ferramenta essencial, pois reconhecer os mitos vivos no discurso do paciente se torna o primeiro passo para se obter uma compreensão profunda da psique. O paciente, portanto, ao narrar sua história, seus sonhos, seus sintomas e suas dificuldades está, na realidade, expressando de forma velada os dramas arquetípicos que o atravessam.
Por exemplo, sentimentos de estagnação, podem ser a manifestação do arquétipo do labirinto, já a busca por um novo caminho, pode ser a jornada do herói, enquanto a sensação de estar preso, pode ressoar com o arquétipo da prisão. Portanto, a importância de trabalhar com narrativas, imagens e metáforas na abordagem junguiana irá advir da natureza da psique, onde esta fala a linguagem do símbolo, e não apenas da lógica racional.
Ao explorar sonhos, imaginação ativa, mitos e contos de fadas, o psicólogo junguiano consegue auxiliar pacientes para que acessem as camadas mais profundas de seu inconsciente. Essas imagem e narrativas, então, atuarão como portais para o autoconhecimento, que revelam os padrões arquetípicos em ação, oferecendo a possibilidade de integração e individualização.
Se aprofunde em arquétipos e saiba aplicá-los!
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