Como o desenho infantil revela a estrutura de pensamento?
No contexto da psicopedagogia, o desenho infantil não constitui apenas uma atividade lúdica, e sim uma manifestação complexa e fundamental do desenvolvimento da criança, onde a análise detalhada da produção gráfica permite a compreensão aprofundada do funcionamento cognitivo, emocional e social da infância.
Assim, o estudo de como o desenho infantil revela a estrutura de pensamento se torna aspecto fundamental para a avaliação psicopedagógica, oferecendo ao psicopedagogo o acesso aos processos de organização mental, representação simbólica e construção de significados no mundo interno e externo da criança.
Continue a leitura para entender a importância do desenho na avaliação psicopedagógica de crianças.
A relação do desenho infantil com a estrutura cognitiva
A produção gráfica da criança evolui em etapas previsíveis, refletindo diretamente o amadurecimento das estruturas cognitivas, onde teorias clássicas, como as de Jean Piaget, Georges-Henri Luquet e Viktor Lowenfeld, reforçam que as transformações no desenho infantil tendem a espelhar o avanço na capacidade de representação e na organização do pensamento.
No início, o traçado é predominantemente motor, evoluindo aos poucos para o esquema simbólico, onde a criança começa a atribuir significado aos seus rabiscos, fazendo com que o desenho passe do estágio pré-esquemático para o esquemático, demonstrando a capacidade crescente de organização espacial e o desenvolvimento da noção de permanência do objeto.
Elementos como transparência ou mudança de perspectiva, típicos de determinadas fases, por exemplo, costumam indicar modos particulares de organização do pensamento e da dificuldade em coordenar diferentes pontos de vista.
Assim, a análise da forma como o espaço é utilizado, o detalhamento das figuras e a introdução da narrativa visual demonstram a evolução do pensamento abstrato e da capacidade simbólica.
Já a passagem da fase em que o desenho é uma simples justaposição de elementos para aquela em que há uma composição intencional, com relações de tamanho e perspectiva, indica a transição entre diferentes fases do desenvolvimento intelectual.
O desenho como expressão de emoções, conflitos e processos Internos
Para além da dimensão cognitiva, o desenho espontâneo atua como canal de comunicação não verbal e válvula emocional para a criança, uma vez que sentimentos intensos, ansiedades e conflitos familiares ou escolares que a criança não consegue expressar verbalmente podem ser representados no desenho.
A interpretação de elementos gráficos oferece alguns indícios sobre o universo interno e os processos psíquicos da criança. São exemplos de elementos que podem ser avaliados por um profissional:
- A qualidade do traço, que pode ser forte e impulsivo ou fraco e hesitante
- Uso das cores (predominância de tons frios ou quentes)
- Omissão ou o exagero de partes do corpo no desenho da figura humana
- Posição do desenho na folha
O símbolo desenhado se torna um meio de acesso a conteúdos inconscientes, medos e vivências traumáticas, permitindo a identificação de focos de tensão e a compreensão dos mecanismos de defesa utilizados pela criança, possibilitando ao profissional o desenvolvimento de uma intervenção mais precisa e acolhedora.
O desenho como narrativa e ambiente de diálogo para o letramento psicológico
O desenho infantil manifesta-se progressivamente como uma narrativa visual organizada. A criança utiliza o desenho como uma forma de linguagem que estrutura e comunica suas experiências, emoções e a compreensão que tem do mundo, processo fundamental para o letramento psicológico.
Ao criar uma sequência de imagens ou uma cena complexa, a criança se engaja na construção de significado e o desenho se torna um instrumento mediador de diálogo, onde o profissional pode intervir, pedindo para a criança descrever a imagem produzida. Este processo é de extremo auxílio para o desenvolvimento da metacognição.
Em contextos clínicos e institucionais, a análise do desenho e a subsequente conversa sobre ele conseguem estimular a capacidade da autoexpressão infantil, a resolução de problemas internos e a compreensão das emoções da criança.
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