Religião e espiritualidade na psicoterapia junguiana

Religião e espiritualidade na psicoterapia junguiana

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Várias declarações de Jung dão grande importância para a dimensão religiosa e para a espiritualidade. Ele disse, por exemplo, que pessoas extremamente materialistas “encontram-se, em geral, confinadas a horizontes espirituais muito limitados”.  Quando questionando acerca da existência de Deus, respondeu que ele não precisava acreditar na existência de Deus porque o seu trabalho havia provado empiricamente que o “padrão de Deus” existia em cada homem.
 
De acordo com o psiquiatra suíço, “esse padrão é a maior energia transformadora de que a vida é capaz de dispor ao indivíduo” — e conclui dando uma indicação do objetivo do seu trabalho — “encontre esse padrão em você mesmo e a vida será transformada”.
 
No entanto, não é necessário pertencer ou praticar nenhuma religião para ser um analista junguiana ou para se submeter ao processo analítico.
 
O psicólogo e Dr. Waldemar Magaldi diz que, por mais paradoxal que pareça,  “é mais fácil encontramos nas pessoas ‘desencaixadas’ de qualquer sistema religioso as atitudes religiosas verdadeiras e com forte atuação espiritualista diante da vida”. 
 
 
Ele observa que as pessoas que estão fora das instituições religiosas com suas imposições conservadoras, aparentemente têm mais facilidade para aceitar os aspectos sombrios de si mesmo e, assim, atuarem de forma mais incondicional e livre.
 
Ou seja, assim como é prejudicial o posicionamento de materialistas e incrédulos que negam o sagrado e o mistério da vida, também é nociva a atitude fundamentalista estimulada por qualquer religião.
 
O problema, diz o professor Magaldi, é que ambas as posições “impedem a relação com o si mesmo e o processo de individuação, que irão possibilitar o encontro do significado da vida, dando sentido e direcionamento para que o servir possa acontecer”.
 
No artigo sobre o conceito de religião no pensamento de Jung, o psicólogo Bruno Portela faz uma citação extraída do livro Psicologia e Religião Ocidental, publicado em 1978, em que Jung dá um testemunho esclarecedor:
 
Como sou médico e especialista em doenças nervosas e mentais, não tomo como ponto de partida qualquer credo religioso, mas sim a psicologia do homo religiosus, do homem que considera e observa cuidadosamente certos fatos que agem sobre ele e sobre seu estado geral”.
 
Compreender a psicologia do ‘homem religioso’ foi crucial porque Jung se deparou na vivência clínica e também na observação do quadro geral de sua época “com as consequências de uma falta de simbolização e suas implicações religiosas. O que muitas vezes o levou a considerar o sofrimento da alma como uma falta de vivência religiosa” — escreve Portela, antes de usar o testemunho do próprio fundador da psicologia analítica dizendo que:
 
De todos os meus pacientes que tinham ultrapassado o meio da vida, isto é, que contavam mais de trinta e cinco anos, não houve um só cujo problema mais profundo não fosse o da atitude religiosa” — escreve Jung no sexto volume de Psicologia e Religião Ocidental e Oriental [Escritos diversos] — “todos estavam doentes, em última análise, por terem perdido aquilo que as religiões vivas ofereciam em todos os tempos a seus adeptos, e nenhum se curou realmente, sem ter readquirido uma atitude religiosa própria, o que evidentemente, nada tinha a ver com a questão de confissão (credo religioso) ou com a pertença a uma determinada igreja”.
 
Se você tem interesse nesse assunto e quer ser um psicólogo capaz de ajudar seu paciente a readquirir o que Jung chamou de “atitude religiosa própria” — conheça a pós-graduação em Psicologia Analítica: Abordagem Junguiana da USCS. 
 
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