Quem nunca lidou com uma crise existencial ou uma crise de meia-idade que atire a primeira pedra. O ato de buscar a própria identidade, tentar entender nosso lugar no mundo e de nos tornarmos indivíduos únicos em meio a tantas pessoas é explicado por um dos principais conceitos da Psicologia de Carl Jung: a individuação.
A individuação e o processo de amadurecimento
Segundo Jung, a individuação é um processo espontâneo e natural que ocorre no psiquismo humano e tem a ver com a saída do sujeito, desde o seu nascimento, de um estado mais geral, que é o estado de potencial humano, para uma situação mais particularizada, fenômeno que faz parte do amadurecimento inato do ser humano, tanto de um ponto de vista fisiológico quanto psicológico.
A individuação começa desde a infância, e, na primeira metade desse processo, a tendência é a adaptação ao mundo externo, para que o sujeito vá desenvolvendo suas habilidades psicológicas e se insira nos grupos que ele pertence, começando pelo grupo familiar. Depois, ele passará por outras etapas do desenvolvimento, como a primeira e a segunda infâncias, pré-adolescência, sempre buscando adaptar-se ao mundo externo.
Durante o primeiro estágio de adaptação ao mundo, é preciso abrir mão de muitas potencialidades e habilidades que não são bem-vindas naquele lugar em que o sujeito está inserido. Mas isso pode guardar tendências, sonhos e desejos que o indivíduo precisa realizar para se tornar ele mesmo. E é isso que vai ocorrer na segunda etapa da individuação: a metanoia.
Metanoia ou “crise da meia-idade”
Em algum momento, o sujeito irá vivenciar, ou não, uma experiência de amadurecimento e pode chegar na metade do estágio de desenvolvimento por volta da metade da vida, que seria o fim da adaptação da vida adulta. Esse período é chamado de metanoia, um período de “crise” em que o sujeito precisa rever alguns conceitos e experiências vivenciadas por ele.
A fase pode vir composta de muitos desafios para o sujeito, já que, apesar de ainda estar inserido nos grupos sociais que tanto lutou para se adaptar na primeira fase do processo de individuação, ele precisa compreender aquelas características que são únicas nele e o que daqueles grupos ressoam com aquilo que ele renunciou dentro de si.
Esse processo pode gerar medo no sujeito, pois, para se adaptar ao meio, ele toma atitudes inconscientes unilaterais. E para a adaptação do mundo interno, é preciso renunciar a alguns processos unilaterais que o ego assumiu como verdade até então.
Os rituais iniciáticos no processo de individuação
A sociedade, em qualquer período da história e em todas as culturas, passa por ritos de passagem que visam marcar etapas do desenvolvimento social, mas também psicológico e espiritual.
As iniciações podem ser divididas em mistérios menores e maiores, que se relacionam com o processo de individuação descrito por Jung como a primeira etapa do desenvolvimento e a segunda etapa do desenvolvimento a partir da metanoia, respectivamente.
Mistérios menores - 1ª metade da individuação
Ocorre a apresentação ao mundo objetivo, a ampliação social, o estabelecimento dos papéis sociais, a entrada na adolescência e o início da vida adulta, com adaptação mínima ao mundo objetivo de modo funcional nas áreas pessoal, interpessoal, material, ocupacional, recreativa etc.
Mistérios maiores - 2ª metade da individuação
Ocorre a adaptação ao mundo interno, em que as habilidades, os sonhos e as capacidades renunciadas na 1a adaptação são retomadas. Há busca por impregnar a vida com um sentido, deixar a marca pela qual o sujeito será lembrado.
O doutor Renan Lescano Romão aborda, de forma didática e profunda, a relação dos rituais iniciáticos e da individuação descrita por Jung em um vídeo extremamente rico sobre o assunto.
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