
A prática da anestesia local em podiatria é uma ferramenta fundamental para a realização de procedimentos minimamente invasivos, promovendo conforto e segurança. No entanto, a aplicação dessa técnica exige uma compreensão aprofundada das particularidades de cada paciente, especialmente aqueles com condições sistêmicas como diabetes ou hipertensão.
O grande desafio reside em equilibrar a eficácia da anestesia com a prevenção de complicações, ajustando protocolos para garantir que a saúde integral do paciente seja sempre a prioridade.
O paciente sistêmico requer um olhar clínico apurado e uma abordagem personalizada, considerando as interações entre os fármacos anestésicos e as condições médicas subjacentes.
Continue a leitura para conhecer os protocolos e precauções da anestesia local em pacientes sistêmicos.
Protocolo de anestesia local em pacientes diabéticos
O manejo de pacientes com diabetes mellitus requer atenção especial no contexto da podologia clínica. Quando o controle glicêmico é adequado, por exemplo, é possível utilizar anestésicos locais associados a vasoconstritores como a epinefrina.
Esses anestésicos, como a lidocaína com epinefrina, garantem uma maior duração e menor sangramento no campo operatório, extremamente benéfico e vantajoso. Embora a epinefrina tenha um potencial hiperglicemiante, em concentrações padrão e em pacientes bem controlados, o risco de alteração metabólica significativa é baixo.
Para pacientes com diabetes não controlado ou que apresentem contraindicações específicas ao uso de vasoconstritores adrenérgicos, outras opções se tornam necessárias. Nesses casos, a mepivacaína a 3% sem vasoconstritor é uma alternativa segura.
Outra possibilidade é a prilocaína com felipressina, um vasoconstritor que não atua no sistema adrenérgico e não causa o mesmo impacto na glicemia, tornando-se uma escolha segura. A felipressina também é recomendada em casos de hipertensão ou doenças cardíacas controladas, desde que não haja risco de aumentar a contratilidade uterina em gestantes.
A escolha do anestésico adequado é uma decisão clínica baseada em uma avaliação criteriosa do estado de saúde do paciente. Além disso, o cuidado com o paciente diabético não se restringe à escolha do anestésico, pois o manejo pré, intra e pós-procedimento também será fundamental.
Antes do procedimento, é essencial avaliar exames como a glicemia de jejum e a hemoglobina glicada, e pode ser necessário ajustar a dose de insulina ou suspender o uso de alguns hipoglicemiantes orais, conforme orientação médica, onde durante o procedimento, a monitorização da glicemia será indispensável para identificar precocemente qualquer desvio metabólico. Já no pós-procedimento, o acompanhamento da glicemia deve continuar, juntamente com o monitoramento da cicatrização, para prevenir complicações.
Cuidados especiais para pacientes hipertensos ou cardiopatas
A aplicação de anestesia local em pacientes hipertensos ou com cardiopatias exige cautela, pois o principal risco está associado à utilização de vasoconstritores, como a epinefrina, que podem elevar a pressão arterial e aumentar a frequência cardíaca, desencadeando eventos cardiovasculares.
O uso de epinefrina, mesmo em baixas concentrações, deve ser cuidadosamente ponderado em pacientes com hipertensão não controlada, ou com histórico recente de infarto do miocárdio, ou angina instável. A segurança do paciente é a prioridade, e o conhecimento dos riscos e benefícios é essencial para uma prática segura.
Quais estratégias devem ser adotadas para amenizar riscos?
Uma das principais é prevenir a injeção intravascular, aspirando a seringa antes de injetar o anestésico. Isso garante que a substância não seja liberada diretamente na corrente sanguínea, minimizando os efeitos sistêmicos do vasoconstritor.
Outra estratégia é a escolha de um vasoconstritor mais seguro. Nesses casos, a felipressina surge como uma alternativa à adrenalina, pois não possui efeitos significativos no sistema cardiovascular. Porém, a dosagem da epinefrina também deve ser limitada, utilizando a menor concentração e volume eficazes.
Entretanto, a avaliação do histórico de saúde do paciente deverá ser o ponto de partida para a tomada de decisões seguras. Pacientes com hipertensão controlada, que seguem o tratamento médico de forma regular, geralmente toleram bem as concentrações padrão de epinefrina. Por outro lado, para pacientes com histórico de arritmias, insuficiência cardíaca ou hipertensão severa, a abordagem deve ser mais conservadora.
Monitoração peri‑procedimento e gestão de emergências
A monitoração peri-procedimento é uma prática indispensável para a segurança do paciente sistêmico, logo, antes de iniciar qualquer intervenção, é vital verificar a glicemia e a pressão arterial do paciente. Essa etapa de avaliação inicial serve como linha de base para o monitoramento contínuo.
Assim, durante a realização do procedimento, a vigilância deve ser constante, observando sinais vitais e o estado geral do paciente. O acompanhamento em tempo real permite a detecção precoce de qualquer alteração, seja ela uma oscilação glicêmica ou um pico de pressão.
A gestão de emergências é outra etapa fundamental do plano de segurança, logo, em caso de crise hipoglicêmica, que pode se manifestar com tremores, sudorese e confusão, o procedimento deve ser interrompido imediatamente e deve-se administrar uma fonte de glicose. Já a crise hiperglicêmica pode ser identificada por um aumento na glicemia e, em casos mais graves, requer atenção médica.
Para emergências cardiovasculares, como um aumento súbito da pressão arterial ou uma crise de angina, a equipe deve estar preparada com um protocolo de atendimento rápido, incluindo a administração de oxigênio e a ativação de suporte médico avançado.
A equipe de podologia precisa estar treinada e equipada para lidar com essas situações, por isso, a disponibilidade de um glicosímetro e de medicação de emergência, bem como o conhecimento de técnicas de ressuscitação cardiopulmonar, são requisitos básicos.
Um protocolo de gestão de emergências claro e bem estabelecido, que defina as responsabilidades de cada membro da equipe, contribui para um ambiente de atendimento mais seguro e para que a anestesia local em podiatria seja uma prática segura.
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