Governo admite racionamento de água em São Paulo

Governo admite racionamento de água em São Paulo

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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, admitiu nesta quarta-feira (14) que o Estado de São Paulo passa por racionamento de água. É a primeira vez que o procedimento é oficialmente admitido por Alckmin desde o início da crise hídrica em 2014.

A declaração ocorre um dia após a Justiça negar a cobrança de multa a clientes que aumentarem o consumo de água. Na sentença, a juíza Simone Viegas de Moraes Leme, da 8ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, argumentou que a lei exige a adoção de racionamento oficial antes de aplicar tarifa de contingência.

Além disso, a juíza cobrou que a Sabesp informe quais são os bairros atingidos por manobras ou redução de pressão”. A Sabesp também admitiu, pela primeira vez, que toda a Região Metropolitana está com redução de pressão na água e divulgou um mapa das áreas afetadas.

O racionamento já existe. Quando a ANA (Agência Nacional de Água) determina que você que tem que reduzir de 33 para 17 (metros cúbicos por segundo) no Cantareira é óbvio que você já está em restrição.

Na quarta-feira (7), a Sabesp havia sido autorizada pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) a aplicar multa de 40% a 100% para quem consumir mais água neste ano no comparativo entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014.

Cantareira pode secar até março

A redução na retirada de água das represas do Cantareira começou a ser adotada em 2014. No dia 13 de março do ano passado, a vazão captada passou de 33 metros cúbicos por segundo para 27,9 metros cúbicos por segundo, por determinação da ANA. Ao SPTV, O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, disse que a retirada atual é de 16 metros cúbicos por segundo e que a Cantareira pode secar até março.

Tanto o governo do Estado quanto a Sabesp defendem que a redução da pressão é mais eficiente que o rodízio de água. Nesta manhã, a companhia divulgou que todos seus clientes em bairros da capital paulista e nas cidades da Grande São Paulo recebem água com pressão durante algum período do dia.

A companhia afirma que a redução ocorre “preponderantemente durante a noite/madrugada, período em que grande maioria da população dorme e as atividades econômicas praticamente inexistem”. Se o imóvel tiver caixa-de-água a redução da pressão na rede não é percebida, diz a companhia.

Chuva nos sistemas

A chuva fraca que caiu na terça-feira (13) sobre a maioria das represas que abastecem a Grande São Paulo não foi suficiente para frear a queda no volume dos mananciais nesta quarta.

Cinco dos seis sistemas responsáveis pela Região Metropolitana tiveram queda, segundo a Sabesp. Apenas o Guarapiranga, na Zona Sul da capital, apresentou elevação no nível, indo para 40%.

No Cantareira, que abastece 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, o nível caiu de 6,4% para 6,3%. É a terceira queda seguida no sistema, que não sobe desde o dia 26 de dezembro. E as chuvas acumuladas no mês, 59,6 milímetros, ainda representam 21,9% do previsto para janeiro.

Chove, mas por que não sobe?

Apesar dos temporais registrados na capital e Grande São Paulo desde o fim do ano passado, o nível das represas não subiu porque as chuvas isoladas não são suficientes para aumentar o volume dos reservatórios. A chuva que poderia ajudar na recuperação é formada por sistemas frontais (frentes frias) ou por corredores de umidade que saem da Amazônia com sentido à região Sudeste.

Segundo os meteorologistas do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), vinculado à Prefeitura de São Paulo, e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), um bloqueio atmosférico impede que esses sistemas cheguem até o estado de São Paulo e não permitem chuvas mais generalizadas e com tempo maior de duração.

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